30 de novembro de 2012

Bonita, bonita!


Há algum tempo atrás eu disse prá minha filha, ao telefone: - O paizinho não gosta da Bonita. - Ela falou, rindo: - E quem gosta, mãe?


Essa e uma homenagem a minha querida e agora já idosa "chesapeake bay retriever", que vivia na porteira de uma fazenda abandonada, no nosso caminho pro trabalho, em dezembro/2005.
Alguém deixava um balde com restos de comida (água eu não vi) e ela passava os dias assim: só!
No dia de Natal levamos comida de cachorro para ela. Quando descemos do carro ela transformou a apatia na mais pura expressão de alegria e, que surpresa, quando atirei uma bolinha, ela correu, pegou e a trouxe de volta prá mim. Decidimos levá-la prá passar o dia de Natal em família, a nossa, com todos os cães e gatos que já tinhamos. Ela brincou, comeu bem e curtiu (mais ou menos) a companhia dos nossos cães. No final da tarde a levamos de volta e a deixamos na porteira da tal fazenda.
No início da noite, acobertados pela escuridão, voltamos lá e a roubamos! Mas, roubamos de quem, afinal? Ela vivia esquecida e solitária numa fazenda abandonada!
Naquele dia de Natal ela ganhou um nome: Bonita e uma família de presente. Mal sabia eu que quem ganhou o verdadeiro presente fui eu mesma!
Com o coração escangalhado pelo desaparecimento do Garth, meses antes, a Bonita e sua dedicação a mim se encarregaram de trazer de volta o meu sorriso e motivação. Dia após dia eu descobria os truques que ela já conhecia, brincávamos muito, nos tornamos inseparáveis. Ela se apegou tanto a mim que até hoje lhe é difícil me dividir com os outros cães. Se ela não pode ver onde estou ela lamenta, uiva, como que implora... e "enche a paciência" de qualquer pessoa, incluindo a minha, as vezes!
Bem, preciso admitir que a obssessão dela por mim faz eu me sentir importante e amada. Incondicionalmente amada! E daí eu a amo em retribuição, com muito prazer.

Os anos passaram e a idade, as dores nas juntas e a rabujice dela aumentaram significativamente. Hoje a Bonita já não mergulha na lagoa prá buscar gravetos ou viaja com porte de rainha na carroceria da pick-up, já não cruza a extensão do terreno repetidas vezes buscando e trazendo os brinquedos, colocando-os na minha mão. Já não consegue me acompanhar nas caminhadas. Na verdade, andar parece ser um enorme sacrifício: se deita ou senta, levantar é um desafio! Arrasta as patas, tem as pernas doloridas e toma remédio prá dor todos os dias. Dá até prá entender o mau humor e choramingos dela. Qualquer um fica chato e quer a mãe por perto quando tem dor. A vida anda dura prá Bonita e isso não é fácil prá mim também mas, como posso desistir dela se ela não desiste de mim e me ensina dia após dia, ano após ano, a difícil tarefa de envelhecer?
Daí eu seguro a cabeçona dela com as duas mãos e a olho nos olhos.  Ela então me olha tão intensa e amorosamente e eu me perco (ou me encontro) naquele olhar, rogando a Deus que me permita cuidar dela até um dia, até o dia... e, assim, retribuir um pouco do amor que ela tem devotado a mim por todos esses anos.
Né, Bo-bo? 


Bete Saraiva
01/Dezembro/2012

No dia 10 de janeiro de 2013, a minha grande companheira foi morar no céu, correr pelos campos e nadar nas lagoas do paraíso. A saudade é terrível mas tenho certeza que, onde estiver ela me ama e sabe que é muito amada. Só tenho a agradecer a Deus por ter me permitido estar com ela em meus braços até o último suspiro. Aos espíritos de luz que, tenho certeza, a conduziram no plano espiritual, sou grata pela assistência a ela e a mim.



"Senhor, eu te devolvo hoje o tesouro que me destes
prá tomar conta por algum tempo"




11 de novembro de 2012

BONNIE, A GATA ARISCA


Naquela época eu trabalhava no turno da noite e, pela manhã, bem cedinho, ao deixar o trabalho, fui ao supermercado que já estava aberto. Próximo da porta ouvi miados. Não tive dúvidas: me pus de joelhos pra olhar embaixo de uns engradados e vi um gatinho escondido lá. Deveria estar faminto, então comprei uma linguiça pra atraí-lo e deu certo!
Ela (e não ele) era um bebê lindo: bege, rajada e, tendo olhos azuis como os da Monica, foi então batizada de “Bonnie”!
Levei-a para casa onde eu iria iniciar o ritual de apresentação aos inúmeros cães e gatos que já tinha. No entanto, ao entrar na varanda, com o alvoroço dos cães latindo, aquela doce criaturinha se assustou e “virou uma onça”! Ela enterrou suas garrinhas afiadas nos meus braços mas como ainda não se sentia segura, abocanhou meu dedo mindinho. Eu sacudia a mão pra que ela soltasse e mais ela mordia, pendurada no meu já miserável dedinho, que ficou inflamado por uma semana! Ao mesmo tempo, aquela personalidade obstinada e lutadora me conquistou para sempre!
A mensagem que a Bonnie deixou pelos 6 anos que viveu em nossa companhia: “Não me tire da minha área de conforto ou quem vai se sentir desconfortável é você!”
Ninguém segurava a Bonnie em casa se ela não quisesse estar lá. O que ela gostava mesmo era andar pelo campo, achar um lugar ensolarado pra se deitar na grama e curtir a liberdade que tinha. Fazia amizade com gatos da vizinhança e parece que ela sabia escolher seus amigos.
Vez ou outra ela tinha um tipo de recaída e voltava prá casa cheia de carinhos para dar (ou cobrar), roçava o focinho num cobertor fofo e quase da cor dela que eu tinha na cama. Ficava assim por horas; acho que se lembrava da mamãe gata.
Os anos passaram e eu me mudei daquela casa com todos os meus “pets”. Dizem que os cães se afeiçoam ao dono, os gatos a casa. Tentei manter todos meus gatos dentro da nova casa o mais tempo possível para que eles se acostumassem ao novo lar, mas isso contrariava o espírito livre da Bonnie. Eu lia nos olhinhos dela que a liberdade lhe faltava, então abri a porta, e ela ia e vinha a seu bel prazer. Durante um ano passeava pelos campos de dia e voltava a noite. Daí começou a espaçar as voltas para casa mas parecia bem, independente como sempre. Um dia não voltou, nem depois de uma semana ou um mês.
Nem chorei pela partida dela porque, na verdade, nem sei se ela partiu mesmo. Deve ter achado uma outra casa mais aconchegante e amigos gatos para passear com ela.
Por via das dúvidas ainda guardo um pedaço do cobertor preferido dela; vai que ela sente saudades e vem me visitar, né?









Bete Saraiva
Nov/2012

2 de novembro de 2012

KIKI BLANCH DI BOI (Buá)



Kiki Blanch Di Boi
Esse foi o nome da minha Setter Irlandesa que, em seus 14 anos de vida, nos acompanhou, nos ensinou muito (muito mais que um ser humano poderia ensinar) e deixou uma saudade imensa.
É impossível não lembrar  dela quase todo dia, mesmo tendo o Joey (nosso Coker Inglês)  que com sua farra e peraltice, monopoliza a nossa atenção.
Em meio a uma cria de doze filhotes, aninhada  junto aos irmãos, Kiki desceu do sofá e veio direto em minha direção. Parecia mesmo que havia me escolhido!
A Kiki realmente foi especial ! Nem quando filhote fez arte. Sempre muuuuito obediente e mansa. E adorava um churrasco (rs)
Ah! fez uma arte, sim. Aliás que arte! Eu havia feito um bolo para um aniversário e deixei-o sobre uma prateleira enquanto esfriava. (jamais achei que ela fosse “abusar”...) Puro engano. Ao voltar para a cozinha adivinhe o que eu vi? Simplesmente ela sentada, se deliciando, no meio do bolo de chocolate. Olhou pra mim e continuou comendo! (rs) Não deu nem para brigar; deixei ela comer seu bolo e rezei pra que não tivesse nenhuma cárie. Acho que foi o dia mais feliz da vida dela e olhe que nem era seu aniversário.
Todos os anos fazíamos um bolinho e cantávamos o Parabéns prá Kiki e ela latia, como quem participava da festa. E, pra fazer jus a data, ela comia uma lasquinha (rs)
Melhor que qualquer ser humano, a Kiki manifestava seu sentimento com um olhar ou com o seu rabo farto e deslumbrante, todo ruivo aloirado. Presenciou muitos momentos alegres (vibrava conosco) e muitos momentos tristes, quando ficava no seu canto nos olhando, como quem quer dizer : “Estou aqui, viu?”
Eu teria  muito o que relatar sobre todo o tempo que ela nos acompanhou. E o melhor é que só teria coisas boas pra contar. Porém, a idade chegou e lhe trouxe uma doença fatal. Tentamos tudo, mas foi inútl.
A sua lembrança é sempre muito viva, pelo que representou em nossas vidas, especialmente para os meus filhos. Eles viveram um período transitório de suas vidas e ela lhes ensinou, sobretudo, que eles nunca estiveram sozinhos. 
 
Assim que a nossa Kiki se foi fomos buscar o Joey, pois só uma “nova amizade” poderia amenizar a saudade que ela deixou e atenuar a dor da perda pela alegria de uma nova presença. E foi assim, vejam essa  fofura  de “neguinho” que hoje é o nosso companheiro também.  Tem 9 anos e é um verdadeiro  chiclete: onde estou, ele está ! Se saio, ele fica no corredor da casa, deitado nos degraus  uivando e me chamando. Quando chego vem logo me mostrar a sua bolinha branca e fica todo faceiro. 
É uma graça de cãozinho.
Todos nós o amamos muito e desejamos muitos anos de vida a ele e em nossa companhia!
  
Joey
autoria: Theresa Ruggier

 

18 de outubro de 2012

TROUBLE (07/10/2004 - 12/08/2012)



De repente aquele meu companheirinho já não faz parte dos meus dias. Simples assim.
Num momento ele estava correndo livre e solto; daí cruzou a estrada e o tempo não foi suficiente nem prá escapar do carro e nem pra eu me despedir.

Ah! Inesquecível aquele jeitinho altivo de cachorro com pedigree, caminhando na minha frente, todo independente (como se não precisasse de mim) mas olhando para trás o tempo todo prá se certificar que eu estava indo também. Se eu mudasse de direção ele mudava também e se apressava prá me ultrapassar e andar na minha frente, como se soubesse aonde íamos.
Eu me acostumei a dizer que ninguém sofre de solidão se tem um "salsichinha". Eles te acompanham aonde for e dormem com você, se você deixar; e nem te atrapalham, viu?

Eu dizia que quando o Trouble passava pelo portão, ficava surdo! Eu podia chamar, gritar, ficar brava, que nada o fazia parar. Ontem o carro fez ... e lá se foi meu filhinho querido, cruzando a ponte pro céu, no mesmo instante em que cruzou pela última vez uma estrada na terra.

Prefiro crer que ele não sentiu dor alguma. Partiu do jeito que eu acho a partida deles deve ser: a gente se abala pela surpresa e pela perda mas não houve tempo prá ele sofrer.

Só deixou prá trás os quase 8 anos de amor incondicional e uma monstruosa e dolorida saudade!

Ah! Eu sei que você vai ter muito que correr livre pelos campos mas não se esqueça de me encontrar do outro lado, quando for a minha hora de cruzar a ponte... e daí, você vai andando na frente, prá me mostrar o caminho.

Obrigada meu "baby boy", por me fazer sentir tão especial e amada!

Bete 13/08/2012

R A P - 19/10/2001 - 10/07/2012

É uma ironia essa vida!
Durante anos a fio você cuida de um alguém tão precioso porque você o ama, porque é um ser inocente e porque você é responsável por ele. De uma maneira ou de outra esse ser compartilha cada momento de sua vida com você e vice-versa.
O tempo passa, as vezes rápido, outras lento e você se acostuma com aquela presença no teu quintal, na tua vida.
Até em silêncio ele está presente.
Quando você acha um tempo de sobra, pára e o observa: Não importa como ou porquê mas ele está sempre em paz! Ah! E você adoraria saber a qual é a receita!
Mas ele tem medo de trovão e de tiros! Porém não se assusta ao correr solto pelos campos, após ter achado o portão esquecido aberto! Daí você descobre a diferença entre um cachorro alegre e um cachorro   f e l i z !!!
Os anos passam e ele presencia cada um dos teus dias, teus sorrisos, expectativas e tuas lágrimas. Ele te conhece melhor do que ninguém mas nunca usará isso contra você, porque ele te ama pelo e apesar do que você é. Ele te ama até pelo que você não é!
E você só precisa saber que ele está saudável e feliz.
Porém, um dia, aquele coraçaozinho que só viveu prá amar já nao consegue comportar tanto trabalho... está velho.
Velho??? Nunca! Doente, fraquinho, sim, mas jamais velho! E ele talvez te ame até mais agora porque releva o fato de você lhe colocar comida pela goela abaixo e até porque você o ajuda a levantar do chão com tanto carinho e respeito.
Sim, respeito por essa longa jornada que ele tem percorrido ao teu lado, sem reclamar e, muitas vezes, te incentivando, pelo exemplo, a seguir em frente, apesar de tudo.
Mas chega o dia em que você tem que deixá-lo partir porque ele já não pode mais ficar. Simples assim.
Simples?!?!?! E aquela presença no teu quintal, o rabo abanando quando você chegava em casa após dez dias ou dez minutos? Isso não conta?
De qualquer forma você tem que deixá-lo ir, não sem antes dizer o quanto o ama e como vai ser bom lá no céu, com os anjos, os amiguinhos, sem tiros e com muito mas muito campo florido prá correr a solta e descansar em alguma sombra próxima a uma das muitas lagoas do paraíso. Lá ele será feliz para sempre!
É... ele já se foi...
E você lembra que esqueceu de dizer a ele: Obrigado, Rap! Por tudo...